terça-feira, março 08, 2005

taxi driver


"finclhey central . home" by mj

caríssimos "leitores", recordo que tínhamos apeado em stansted. retomemos a história.

de telemóvel na mão - o objecto que até já tinha feito questão de nos saudar, desejando as boas-vindas a londres - procuramos agora um táxi que nos leve a finchley central. perguntamos no desk dos taxis do aeroporto.
- how much to finchley central?
- 60 pound miss.

- ... ... - é o que não consigo responder, numa expressão de quase terror.
- thank you, but that's too much! - lá consegui balbuciar - my sister told me 30 pounds would be enough. or at least fair...
- it's your call. if you prefer a minicab that has no insurance... besides, the authorities reccomend you not to travel with minicabs. it's not safe.


se não foi exactamente isto que o senhor disse, naquela pronuncia cerrada a que ainda não estava habituada (fiz mesmo um esforço que me custou quase 1/3 de cada segundo para descodificar a mensagem), foi qualquer coisa do género. fiquei confusa, dividida entre achar que o british queria era fazer negócio ou que tinha razão e era melhor jogar pelo seguro. "tomamos" uma pausa para pensar. longe, claro, do taxi desk, não fosse o homem perceber que estávamos a hesitar.

decidimos então espreitar o lado de fora do aeroporto, mas dos so-called minicabs, nem vislumbre. só se viam mesmo taxis do aeroporto. e cadê a concorrência?!, pensamos.
os londoners lá nos sugeriram pedir ajuda a algum funcionário das lojas do aeroporto. foi o que fizemos. deram-nos um número que marcamos. atendeu-nos uma mulher a quem pedimos 1 taxi para finclhey central (a última palavra deve ler-se como em portugês). disseram-nos que para finchley central (deve ler-se centxrou) só dali a 15 minutos, no parque B.

ah! ok! isto afinal tem mais lados...

lá fomos esperar o famigerado minicab. 15 minutos e nada. 20 minutos e nada ainda. até que um monovolume abre o vidro para deixar espreitar o condutor (do lado errado, claro).
- i'm maria. are you looking for me?, perguntei.
- no. - ele não era o nosso taxista - but i can take you where you wanna go - respondeu o non-british condutor.
- how much to finchley central?
- 40 pounds.
- 30.
- ok. let's go!

malas para dentro e começa a viagem. o condutor pede, caso alguém nos mande parar, que digamos que fomos nós a chamá-lo para nos ir buscar a stansted. explicou-nos que pagam uma multa elevada caso entrem no aeroporto em busca de negócio, sem pagar x pela entrada no recinto. por isso (!!) não víamos minicabs...

começamos a apreciar a paisagem, ainda trôpegos da espera, do avião, do jet-lag (que jet-lag?), da fome e da falta de cafeína a sério. ah!! londres...
o condutor começa a meter conversa. perguntou de onde eramos, para onde íamos, se era a nossa primeira vez em londres, mas não sem antes se gabar do autocolante amarelo no vidro da frente, garantia - disse - que nunca nos raptariam nem assassinariam, porque se tratava de um minicab registado. ah! estamos muito mais seguros agora!, pensamos e dissemos, numa troca de olhares. mais conversa puxa conversa e o condutor lá pega no telemóvel. começa a falar indiano (já nos tinha dito a nacionalidade) com alguém e a rir-se muito. no meio só percebemos as palavras "português" e "finchley central". de novo mais risos numa conversa de 20 minutos, à vontade, e sempre a olhar pelo retrovisor.

comecei a ficar com medo. x também não sabia o que havia de pensar. não sabíamos por onde íamos porque não conhecíamos nada e desculpem-me, mas é assim que começam os raptos nos filmes!!

durante mais hora e meia de fuga ao trânsito, que não interessa aqui descrever, estivemos na dúvida se se trataria ou não de um psicopata indiano. tão psicopata que seria capaz de falar com naturalidade do número de médicos que o seu país forma, para depois perguntar se exportávamos batatas, e de como todos os emigrantes em londres são anti-americanos e a europa tem de se unir e que muito era consequência da segunda guerra mundial (!).

a certa altura, e de repente, o homem dá uma viravolta esquisita numa rua meio vazia (às 3 da tarde) e eu dou um salto.
- what's going on?!?!
- just turning around. the road is blocked.
- uff...

depois, muito depois, chegamos a finclhey central, ao número 200 e qualquer coisa. pareceu-me reconhecer a "casa das fotos" numa rua cheia de casas... iguais! mas sim, tínhamos chegado. agora pousar os sacos e fugir para o centro, aí sim, onde tudo acontece...

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Indianos é outros... É uma raça que era para ir toda à vida.

6:10 da tarde  

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